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[dropcap]A[/dropcap]pós a aprovação na Câmara dos Deputados, em 2016, e no Senado no mês passado, aguardava-se a autorização da Presidência. A federalização da rodovia compreende 161 quilômetros de estradas que ligam os estados e reduz em 120 quilômetros a distância entre eles.

O empresário da hotelaria em São Joaquim e Urubici, Wirto Schaeffer, explica que a decisão de Temer não era esperada por ninguém. Há 25 anos ele trabalho no projeto e, agora, os próximos passos, será trabalhar para a derrubar o veto com o apoio de deputados e senadores.

Ele ressalta que a importância da federalização seria para que o trecho da rodovia no Rio Grande do Sul possa ser asfaltado, já que o Estado não tem recursos para arcar com a obra. “Se federalizar, terá como conveniar e fazer esta obra”, acrescenta.

Em um levantamento feito pelo grupo Rota Caminhos da Neve, com a oficialização dessa rodovia, a movimentação de turistas seria de 50 mil novos turistas por mês. Isso aconteceria porque as cidades de Florianópolis e Gramado, que juntas reúnem cerca de 15 milhões de turistas por ano, estariam interligadas por um caminho mais curto e movimentariam a passagem pelo trecho.

“Se 5% desses visitantes passassem por aqui, já teríamos um aumento de 700 mil pessoas ao ano”, ressalta. Além disso, turistas de São Paulo, Argentina, Uruguai, também poderiam utilizar do trecho como rota turística.

O empresário de Bom Jesus, no Rio Grande do Sul, Jaziel de Aguiar Pereira, explica que o grupo aguardava, há duas semanas, a decisão do presidente Temer. Ele acrescenta que a Presidência utilizou como argumento para o veto, questões técnicas.

Entretanto, a decisão foi mais uma questão política, já que o projeto de lei da criação da Rota Caminhos da Neve furou a barreira de outros 50 projetos de federalização de rodovias no Brasil e isso abriria precedente para que outras regiões reivindicassem a aprovação de suas rodovias.

Jaziel acrescenta que a rodovia tem todas as condições para se tornar uma rodovia federal, já que tem grande potencial em melhorar não só o turismo da região, mas também a economia. Ela se tornaria uma rota para o transporte de maçã e arroz entre os dois estados e fazendo com o que o translado de madeira para empresas na região ficasse mais barata com a diminuição da quilometragem.

Atualmente, quem deseja atravessar os Estados pela Serra Catarinense, precisa enfrentar a ponte das Goiabeiras, no Rio Pelotas. A estrutura está precária e oferece risco. Jaziel ressalta que os moradores dos municípios na divisa da ponte, São Joaquim e Bom Jesus, já se cansaram de pedir reformas na estrutura para o Governo de Santa Catarinense. “Nunca mandaram nem um saco de prego para consertar. Estamos cansados de promessas”, enfatiza.

Via não se encaixa no manual de rodovias federais

O chefe de serviços do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em Lages, Ênio Spieker, explica que, conforme o Manual de Projetos do Dnit, que define a quantidade de curvas, rampas acentuadas, largura de pista e acostamentos, a rodovia, atualmente, não se encaixa nos itens que correspondem a este manual.

Exemplos disso são as quantidades de curvas e a largura estreita dos acostamentos. Porém, ele ressalta que o Dnit Santa Catarina não fez nenhum estudo oficial sobre a rodovia.

O deputado Alceu Moreira (MDB-RS), criador do projeto de lei, ressalta que não houve surpresa no veto do presidente, que já havia avisado que não passaria a lei. Ele explica que esta foi uma decisão política e não técnica, devido à quantidade de outras rodovias no Brasil esperando a federalização. Agora, irão trabalhar para derrubar o veto, conversando com outros deputados e senadores, como explicou o parlamentar.

Sobre alegação de que a rodovia não atende aos requisitos para a federalização, Alceu fala que esta é “uma desculpa sem fundamentos e que não há política que diga que a rodovia precisa estar dentro dos pré-requisitos do Dnit”.

Sobre a importância da federalização, acrescenta que a integração das serras tem um potencial turístico muito grande e que os recursos orçamentários chegariam mais rápido. “É preciso colocar esse trecho esquecido no mapa do desenvolvimento no Brasil”, concluiu o deputado.

Correio Lageano