Em 2022, o mercado brasileiro de celulares vendeu 6,93% menos aparelhos do que em 2021, gerando uma receita total de R$ 77,09 bilhões (1,74% menor que no ano anterior). Entre janeiro e dezembro do ano passado foram comercializados 42.606.344 aparelhos, dos quais 40.681.302 eram smartphones e 1.925.042 feature phones, reduções de 6,31% e 18,28%, respectivamente, em relação a 2021. Os dados fazem parte de estudo da consultoria IDC Brasil.
Para Andreia Chopra, analista de Pesquisa e Consultoria de Consumer Devices da IDC Brasil, os impactos econômicos pós-pandemia se mostraram mais acentuados em 2022 e muitos consumidores que planejavam realizar a troca do smartphone precisaram adiar a nova aquisição. Outra mudança do último ano diz respeito à reabertura das lojas físicas, mas Andreia destaca que isso não foi o suficiente para atrair mais consumidores e recuperar os números do setor, que estão em queda desde 2020.
“Embora as vendas em lojas físicas tenham sido maiores em 2022, o consumidor priorizou modelos mais simples e antigos frente aos lançamentos, fazendo com que o volume de aparelhos 5G vendidos ficasse abaixo das expectativas.” Em relação aos preços médios dos aparelhos, houve aumento tanto nos de smartphones quanto nos de features phones, ambos diretamente impactados pela inflação e pela alta da taxa de juros. Enquanto os smartphones ficaram 5% mais caros em 2022, com ticket médio em R$ 1.887,00, os feature phones aumentaram 3,2%, chegando a R$ 161,00.
“A queda no volume de unidades vendidas em 2022 impediu que as receitas fossem maiores do que no ano anterior, mesmo com os aparelhos custando mais caro”, ressalta a analista. Em 2022, o mercado cinza também recuou, apesar de ainda se manter atuante. Do total de unidades vendidas no ano, 2.724.281 foram comercializadas no grey market.
“O resultado indica que o consumidor procurou mais segurança nas compras e, já que não dispõe de grandes condições para realizar uma troca de aparelho, a possibilidade de adquirir um produto com garantia pode ter sido um dos critérios que fizeram a diferença”, explica Andreia.
Entre os aparelhos comercializados no mercado cinza, 93.224 são feature phones e 2.631.057 smartphones. “É um volume 24,61% menor do que em 2021. O mercado cinza foi menos atraente ao consumidor e assim não conseguiu apresentar um crescimento significativo para capturar a demanda que buscava modelos de smartphones mais baratos”, esclarece Andreia.
Resultados do 4º Tri de 2022
De acordo com o IDC Brazil Mobile Phone Tracker Q4/2022, no último trimestre de 2022, foram vendidos 9.674.240 smartphones e feature phone no Brasil, uma baixa de 14,41%, em comparação ao mesmo período de 2021. Em termos de receita, os meses de outubro, novembro e dezembro do ano passado somaram cerca de R$ 16,8 bilhões, 21,49% menos do que os mesmos três meses de 2021.
Do total de unidades vendidas, 9.259.758 foram smartphones e 414.482 feature phones, quedas de 14,04% e 21,77%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano anterior.
No quarto trimestre de 2022, os produtos na faixa de preço entre R$ 1.000 e R$ 1.299 foram os mais vendidos, representando 25,12% do volume total de vendas de smartphones. “Nesse período, os fabricantes aumentaram a disponibilidade de aparelhos com preço médio acima dos R$ 1.000 com a expectativa de que o consumidor pudesse ter maior disponibilidade para investir em um modelo mais atualizado nas compras de final de ano”, avalia Andreia.
Projeções para 2023
Para a IDC Brasil, os números de 2022 indicam que o ano de 2023 será bastante desafiador para venda de smartphones, principalmente, no primeiro semestre. “O resultado das vendas deve ser próximo ou inferior ao que ocorreu em 2022”, prevê Andreia.
Por outro lado, as vendas dos aparelhos 5G devem permanecer em crescimento contínuo durante o ano de 2023, dando sequência aos resultados do final de 2022. “O consumidor brasileiro já demostra que o 5G é um critério relevante na escolha do seu próximo smartphone, mas o valor desse aparelho deverá prioritariamente estar de acordo com sua capacidade de pagamento”, explica a analista.
Por fim, a IDC Brasil avalia que o abastecimento de componentes deve seguir normalizado ao longo do ano. “A falta de componentes teve impacto no primeiro semestre de 2022, mas o mercado conseguiu se recuperar e o abastecimento foi normalizado durante o restante do ano. Devido a uma retração no mercado mobile, tanto a nível nacional quanto global, o abastecimento de componentes não deverá ser um problema em 2023 e, consequentemente, não deverá impactar a produção e distribuição dos dispositivos”.
Repórter: Telesíntese