No inverno, os pomares de maçã de São Joaquim apresentam um cenário peculiar: árvores sem folhas, flores ou frutos. Este é o período de dormência das macieiras, uma fase essencial para o ciclo produtivo da fruta. “Basicamente, o que ela tinha de acumular de reserva de alimentação, ela fez durante o período vegetativo. Esse é o período no qual ela preserva essa energia, através da dormência, para que ela tenha o potencial de produzir a safra, se reproduzir no ano seguinte e produzir os frutos, inclusive com sobra de energia para repetir as safras ao longo dos anos”, explicou Názaro Viera Lima, agrônomo da Epagri.
Durante a dormência, o metabolismo das macieiras praticamente cessa, e o consumo de energia é reduzido ao mínimo. Os nutrientes acumulados durante o período vegetativo permanecem armazenados, prontos para serem utilizados na fase de floração, que tem início em outubro. Esse processo é fundamental para garantir uma safra robusta e saudável no ano seguinte.
Além de ser um período de descanso para as árvores, a dormência oferece aos produtores a oportunidade de realizar manutenções e cuidados necessários para a próxima safra. Em um pomar da região, os trabalhos já começaram. As gemas, pequenos brotos que se transformarão em frutos, receberam uma lavagem com produtos específicos para garantir um bom desenvolvimento.
“Este é um dos momentos mais importantes do ciclo da maçã. É como se o metabolismo da macieira parasse. O consumo de energia é praticamente zero. Todos os nutrientes retirados do solo ficam armazenados para o período de floração”, ressaltou Lima. Esse cuidado meticuloso durante a dormência é vital para assegurar que as macieiras de São Joaquim continuem a produzir maçãs de alta qualidade ano após ano.
Assim, enquanto os pomares parecem adormecidos sob o frio inverno da serra catarinense, um trabalho silencioso e crucial está em andamento, preparando as árvores para uma nova temporada de abundância.
Fotos: Rodrigo Nunes
