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NOTISERRA SC, SÃO JOAQUIM
10/09/2025 14h19 ⟳ Atualizada em 10/09/2025 às 14h19
Texto: Wagner Urbano com pesquisa na FIESC

A região Serrana de Santa Catarina deve ser a mais impactada pelas tarifas de 50% aplicadas pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. O alerta faz parte de um estudo divulgado pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), que analisou diferentes cenários de queda nas exportações para o mercado norte-americano.

Segundo a nota técnica, os efeitos do chamado “tarifaço” variam conforme o nível de diversificação industrial de cada região. Municípios com forte dependência de um único setor são os mais vulneráveis, e no caso da Serra Catarinense, a predominância das indústrias de madeira e móveis, voltadas em grande parte para os EUA, coloca a economia local em posição crítica.

O economista-chefe da FIESC, Pablo Bittencourt, explica que mesmo no cenário considerado mais otimista, com redução de 30% das exportações, a região Serrana registraria queda de 0,53% no PIB. “Trata-se de uma mesorregião menos diversificada, altamente especializada na produção madeireira, destinada principalmente ao mercado americano. Isso a torna especialmente exposta às variações externas”, destacou.

Além das perdas econômicas imediatas, a FIESC alerta para impactos sociais relevantes, como aceleração da estagnação econômica e migração populacional, sobretudo em direção ao litoral — um movimento que já vem ocorrendo nas últimas décadas.

O presidente da FIESC, Gilberto Seleme, ressalta que a entidade lançou o programa desTarifaço, com o objetivo de apoiar a indústria exportadora. “Estamos mobilizando diversas iniciativas para oferecer informações estratégicas às empresas, ao poder público e à própria Federação, permitindo a tomada de decisões mais assertivas”, afirmou.

Cenários projetados

O estudo analisou três possíveis cenários de redução nas exportações catarinenses para os EUA:

  • Redução de 30% (otimista): Serra Catarinense perde 0,53% do PIB.
  • Redução de 50% (severo): impactos ainda maiores, com reflexos imediatos no emprego e na renda.
  • Redução de 70% (colapso): no longo prazo, pode representar a perda de mais de 100 mil postos de trabalho em Santa Catarina.

Em comparação com outras regiões, a mesorregião Norte aparece em segundo lugar no ranking dos mais afetados (-0,30% do PIB no cenário otimista), seguida pelo Oeste (-0,25%) e pelo Vale do Itajaí (-0,22%). O Sul teria recuo de -0,17%. Já a Grande Florianópolis, menos dependente da indústria exportadora, não deve sentir impacto no curto prazo, mas pode acumular perdas de até -0,99% no PIB em quatro anos, devido ao efeito cascata sobre comércio e serviços.

Com a forte dependência da exportação de madeira e móveis, a Serra Catarinense emerge como o epicentro da vulnerabilidade catarinense diante das novas barreiras impostas pelos Estados Unidos. O estudo da FIESC acende um alerta para empresários e gestores públicos sobre a necessidade urgente de diversificação produtiva e fortalecimento de mercados alternativos.

Texto: Wagner Urbano com pesquisa na FIESC

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