14/10/2025 19h02 ⟳ Atualizada em 14/10/2025 às 19h02
O antigo Centro Operário de São Joaquim, conhecido carinhosamente como “Deca”, foi demolido nesta terça-feira, 14 de outubro de 2025, após anos de abandono e deterioração. O local, que por décadas foi palco de eventos, bailes e carnavais memoráveis, marcou a vida de gerações de joaquinenses, mas estava fechado desde 2014, sem manutenção e em condições precárias.
A demolição encerra uma história que começou há mais de meio século. O terreno, localizado na Rua Francilício Pinto de Arruda, é composto por dois lotes — um pertencente ao Centro Operário e outro à Prefeitura de São Joaquim. A trajetória do imóvel remonta a 1974, quando foi lavrada a escritura pública de compra do lote nº 14, com área de 252 m², adquirida de Prudente Cândido da Silva pelo Centro Operário de São Joaquim, então presidido por José Pereira de Jesus Filho.
Quatro anos depois, em 1978, o prefeito Rogério Tarzan sancionou a Lei Municipal nº 993, que autorizava o Poder Executivo a firmar convênio com o Clube União dos Operários de São Joaquim. O objetivo era viabilizar a construção da sede própria, com colaboração da Prefeitura por meio de mão de obra e materiais da administração direta.
O prédio em alvenaria, que chegou a ter 320 m² de área construída, foi oficialmente integrado ao patrimônio do Centro Operário em 1998, conforme averbação feita no Cartório de Registro de Imóveis. Por muitos anos, o “Deca” foi sinônimo de festa, união e alegria popular, recebendo famílias, jovens e trabalhadores em eventos sociais e culturais.
Entretanto, com o passar do tempo, o espaço foi sendo esquecido. Desde 2014, o clube permanecia fechado e sem gestão, tornando-se alvo de vandalismo e invasões. Parte da estrutura desabou, o telhado cedeu e o local passou a ser utilizado por moradores de rua e usuários de drogas, acumulando lixo e apresentando riscos à vizinhança.
Em 19 de dezembro de 2023, uma equipe técnica da Secretaria Municipal de Planejamento e da Defesa Civil de São Joaquim realizou uma vistoria no imóvel. O laudo apontou risco de desabamento e condições insalubres, com janelas quebradas, paredes comprometidas e acúmulo de resíduos.
Com base na Lei Municipal nº 5.133/2023, que trata do Código de Posturas, os órgãos municipais notificaram os responsáveis, exigindo reforma ou demolição imediata. O artigo 172 da lei obriga os proprietários a manterem seus imóveis urbanos limpos e em boas condições de segurança, enquanto o artigo 266 proíbe o abandono de edificações em áreas urbanas.
Sem que houvesse responsáveis ativos pela manutenção ou recuperação do imóvel, a estrutura acabou sendo demolida por questões de segurança pública, colocando fim a uma história que marcou profundamente a vida cultural de São Joaquim.
Texto: Wagner Urbano Fotos: Dionata Costa