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[dropcap]E[/dropcap]las têm cinco, sete, nove e 15 anos,  e, a partir de agora, uma nova vida. Há poucos dias, as quatro irmãs lageanas foram adotadas e terão como endereço os Estados Unidos. O processo tramitou na Vara da Infância e Juventude da Comarca de Lages. Um caso raro na cidade, uma vez que foi possível manter o vínculo entre todas elas e houve a adoção de uma adolescente. Na maioria das vezes, os casais buscam por crianças recém-nascidas, com até cinco anos de idade, meninas e sem irmãos.

Na chamada adoção casada ou compartilhada existe o compromisso de manter a relação entre os irmãos. Um dos casais ficou com a mais nova e a adolescente. A outra família, com as duas meninas do meio. Lá, eles devem possibilitar que elas convivam de alguma forma, seja mantendo contato por telefônico, troca de mensagens ou em encontros presenciais.

A assistente social Sumaya Dabbous e a psicóloga Rafaela Marques integraram a equipe que cuidou da ação. Sumaya conheceu as meninas há pouco mais de dois anos em situação de vulnerabilidade. A justiça determinou que todas fossem atendidas pelo serviço de acolhimento institucional. “Como a ideia é sempre manter os irmão juntos, fizemos a busca por pretendentes que aceitasse principalmente a adolescente. Não havendo habilitados no Brasil, pedimos a ajuda da CEJA”, conta.

A Comissão Estadual Judiciária de Adoção (CEJA) é que tem uma lista com os pretendentes internacionais e onde os pedidos se centralizam. Antes disso, buscou-se na própria comarca, no Cadastro Estadual e Nacional de Adoção. Essa última é uma ferramenta digital que auxilia na condução dos procedimentos dos processos de adoção em todo o país.

O contato com os casais americanos durou cinco meses. Por trinta dias eles ficaram no estágio de convivência e com autorização do juiz Ricardo Alexandre Fiúza, titular da Vara da Infância e Juventude, puderam sair da comarca para se conhecer e visitar cidades do litoral catarinense. “A gente muda o destino das pessoas. Me sinto feliz com desfecho desse caso e a certeza do dever cumprido”, diz Sumaya.

Durante dois anos, haverá o recebimento  semestralmente de relatórios formais com informações de profissionais das áreas da saúde, educação e psicologia, por exemplo, para acompanhamento da adaptação. A agência que representa os casais no Brasil é quem fará o contato com a justiça catarinense.

 

Interesse por adolescentes ainda é pequeno

Campanhas como a Laços de Amor, que tem o intuito de reduzir o número de crianças e adolescentes acolhidos em instituições do Estado, e os cursos de preparação à adoção ajudaram muito na mudança de comportamento dos pretendentes em relação ao perfil do adotado .

Mas, ainda assim, o número de interessados em bebês é de 80%, num universo de 3 mil inscritos em Santa Catarina. “Quanto maior a idade, menos interesse as pessoas têm em adotar”.  Essa declaração do magistrado Ricardo Fiuza reafirma o que as estatísticas apontam.

Essa realidade é a mesma para as adoções internacionais. “ Nos casos em que há irmãos com menor idade é mais fácil acontecer. Se não, é muito raro”, diz Mery Ann Furtado e Silva, secretária da Comissão Estadual Judiciária de Adoção.

O Judiciário busca alternativas para atender esse público. A parceria no programa Apadrinhamento Afetivo é uma delas.  A iniciativa dá aos candidatos à adoção a possibilidade de se tornarem padrinhos de uma criança ou adolescente, além de aproximar futuros adotantes ao espaço de acolhimento.

Taina Borges – jornalista do TJSC – Comarca de Lages