De Santa Catarina a menina tem boas lembranças, revividas recentemente quando esteve em São Joaquim, na Serra, para curtir férias ao lado dos familiares e amigos. Valentina nasceu em Florianópolis, mas ainda bebê mudou-se para a serra acompanhando o pai, Frederico Mendes Vieira, que é médico na região. A mãe psicóloga acompanha a filha de perto e, em 2019, Raquel Vieira mudou-se para o Rio de Janeiro ao lado de Valentina e do filho Benjamim, de seis anos, para a gravação do folhetim, que terminou em 24 de janeiro.
Em 2020, a família — mãe e irmão mais novo — segue no Rio, sem projetos profissionais para a jovem atriz, mas com vários planos de cursos. A menina é muito estudiosa e recebe os elogios como um incentivo para melhorar ainda mais.
– Quanto mais elogio recebo, percebo que mais preciso me esforçar para ser digna daqueles elogios. Então, me cobro cada vez mais – conta Valentina.
Outro sonho da jovem atriz é receber um Oscar, mas para chegar lá ela sabe que precisa de muito esforço e dedicação. Foi com essa determinação que ela conseguiu o primeiro trabalho na TV. Com o apoio da família, a pequena fez vários cursos de teatro e nos últimos dois anos abriu mão das férias para investir na carreira.
– Vínhamos em julho e em janeiro para o Rio de Janeiro para ela poder estudar. Nós nunca viemos atrás de uma chance, porque acreditamos que se ela quer ser atriz, ela precisa estudar para isso, e se ela estudar ela vai ser atriz, independentemente de ser famosa – conta a mãe, uma das principais incentivadoras da pequena atriz.
Na entrevista a seguir, por telefone, a pequena atriz conta sobre os planos para 2020, da experiência de trabalhar com Antônio Fagundes, do assédio do público nas ruas e revela outros sonhos e desejos. Confira:
O que você gosta de fazer quando está em Santa Catarina?
Gosto muito de ficar no sítio, aproveitar a família, os amigos, sair para passear pela cidade. E é legal, que vou lembrando de momentos vividos naquele lugar. Dá uma saudade bem grande.
Você deseja voltar a morar em São Joaquim?
Estou muito feliz aqui. Quero voltar, mas é só para visitar. Quero morar aqui para viver essa experiência. Antes nós estávamos vivendo algo muito mágico para mim. Agora, vamos ver verdadeiramente como é a experiência de morar no Rio.
E quais são os planos para 2020, já que você e a família — mãe e irmão — continuam no Rio de Janeiro?
Trabalho ainda não tenho proposta, mas já tenho alguns projetos de estudo. Quero entrar em curso de inglês, de dança, de canto e de atuação.
Você é bastante estudiosa, esforçada e dedicada à profissão. Você também se cobra bastante por isso?
Quanto mais elogio recebo, percebo que mais preciso me esforçar para ser digna daqueles elogios. Então, me cobro cada vez mais. Eu me assisto e vejo a cena como público, como atriz, lembrando o que aconteceu por trás das câmeras e vejo me avaliando também. Vejo de três formas ao mesmo tempo. Quando vejo que tem alguma coisa que gostaria de mudar ou foi bom sempre presto a atenção.
Como avalia a participação em Bom Sucesso?
Como foi meu primeiro trabalho profissional fiquei muito nervosa nas primeiras cenas. No começo eu gostava das minhas cenas e ainda gosto, mas me cobrava mais porque nunca tinha me visto na televisão. Sentava no sofá, me assistia e tomava um susto. Depois foi caindo a ficha aos poucos. Eu via que tinha alguma coisa para melhorar e pensava: “poxa, tenho que melhorar”. Ao todo, fiquei satisfeita com o meu trabalho. E agora posso fazer melhor ainda, porque estou aprendendo cada vez mais, então a relação comigo mesmo através da televisão foi crescendo. Às vezes via uma cena que tinha feito algo que não gostei, em outro momento tinha que fazer uma cena parecida, já me lembrava da outra cena e isso foi criando um laço de aprendizado.
E como foi trabalhar com um ator com a experiência de Antônio Fagundes?
Foi uma honra para mim. Quando soube que trabalharia com Antônio Fagundes fiquei muito assustada. Não acreditei. Quando vi ele pela primeira vez parecia que aquilo não estava acontecendo. Eu estava bem envergonhada, e olha que não sou assim, pelo contrário, sou bem despachada. Pensei: “será que eu vou lá? Falo?”. Fiquei sem saber o que fazer, mas para minha surpresa ele veio me cumprimentar. Eu estava de costas e ele me chamou: “Valentina?”. Daí, pensei: “Ops, essa voz eu conheço”. Quando viro, estava o Antônio Fagundes. Fiquei muito assustada. Dei oi, um abraço e estava bem feliz. Com o passar do tempo – e nem foi muito tempo – eu comecei a me acostumar. O laço de Sofia e Alberto foi, e sempre será, muito lindo. Mas o laço que eu e o Fafá fizemos também foi lindo demais. Um vô que a arte me deu. Não conseguia mais ficar nervosa, já me sentia muito bem, em casa. Eu falava com ele como se fosse meu avô. Ele me ensinou muito.
Durante a gravação da novela qual era a rotina de trabalho?
Como a gente estuda pela manhã, eu e meu irmão – sempre fui muito disciplina, nunca faltei um dia – ficava na aula até meio-dia. As gravações começavam normalmente às 13h, às vezes eles me pegavam em casa e às vezes na escola mesmo. Então, como eu ia gravar eu já ia decorando o texto no carro. Chegando à emissora, eu passava o texto com a preparadora de elenco e depois ia gravar a cena. Em casa eu tinha pouco tempo para decorar os textos, só mesmo em caso de cenas mais importantes.
E qual a técnica para decorar textos?
Por incrível que pareça é uma das partes mais fáceis. No começo da novela eu levava 30 minutos para decorar uma cena. Com o passar do tempo, nesses mesmos 30 minutos, eu decorava seis cenas. Uma dica para quem quer ser atriz e tem dificuldade é: tem que treinar. No início era bem difícil, mas depois o texto virou o meu amigo. Para decorar eu lia e tentava entender o que estava acontecendo na cena e já me imaginava fazendo. Eu sempre lia sozinha. Depois de entender eu lia a cena inteira e marcava as falas antes da minha para saber a hora que eu tinha que entrar. Depois ia passando fala por fala. Depois lia um geralzão. E por último passava só na minha cabeça as falas dando o tempo da cena. Eu ia aprimorando até chegar no texto e no que o autor queria passar.
E sobre o final de Bom Sucesso, você gostou do que aconteceu, mesmo com a morte do Alberto?
Gostei porque a novela veio ensinando que a gente não tem que ter medo da morte, a gente tem que se preocupar da maneira como vivemos a nossa vida. Não sei o que vai acontecer comigo amanhã. Tenho que tomar muito cuidado, nós temos, para ver como podemos aproveitar a vida da melhor forma possível. A gente vive todos os dias, mas a gente só morre um. E a gente fica discutindo com as pessoas? Não, né. Então isso foi uma coisa que eu aprendi bastante. Como não sei e nem quero saber que o dia que vou morrer, então a novela me ajudou bastante nesse sentido.
E o que você leva da personagem Sofia para a vida?
Isso é uma das principais coisas. Gosto, porque a novela mostrou que a gente tem que viver a nossa vida da melhor forma. O Alberto, por exemplo, sabia que teria somente seis meses de vida, mas a gente nunca sabe, e então tem que aproveitar cada segundo. Acho que o esperado era que o Alberto morresse, e que não poderia ser uma morte muito sofrida e isso não mudaria. Temos que aceitar que a morte não é o contrário da vida. A vida não tem contrário. Entre a vida tem o nascimento e a morte, que são contrários. Então, gostei bastante do final da novela porque era o que eu estava imaginando. Foi muito emocionante. Claro, queria que o Alberto ficasse vivo, assim como o público, mas entendi que o ciclo da vida é esse e o do Alberto tinha sido esse.
A participação em uma novela era um dos sonhos de vida e agora qual o maior sonho?
Meu sonho, o primeiro de todos, é que o mundo se torne um lugar melhor e eu acho que com a arte eu consigo fazer isso. E o segundo sonho – não consigo numerar direito, mas também tem espaço no meu coração – é ganhar um Oscar. Pretendo continuar atuando até o mundo acabar. Porque é uma experiência muito gostosa que eu quero viver o resto da minha vida.
Você nunca pensou em fazer outra coisa além de ser atriz?
Antes de fazer a novela a cada semana sonhava ter uma profissão diferente. Médica não porque tenho muito medo de sangue. Já pensei ser professora, psiquiatra, manicure, cabeleireira, cozinheira, modelo, cantora… quem sabe futuramente eu seja atriz e alguma outra profissão dessa aí. A parte boa de ser atriz é que você pode experimentar aquilo, por mais diferente que o personagem seja de você, você tem a possibilidade de viver aquilo. E aprender com o personagem.
O outro lado de aparecer na TV é a exposição. Como você lida com o assédio e como foi retornar para a cidade?
Como São Joaquim é quase minha cidade natal, porque nasci em Florianópolis, mas fui muito novinha para lá, muita gente já me conhecia, o assédio foi maior, mas aqui (no Rio de Janeiro) também tem. As crianças falam do sonho de ser atriz e muitas despertaram para o sonho ou tomaram a iniciativa após me verem na TV. Não é porque sou criança que eu não posso ser uma atriz profissional. Fiquei feliz por ser referência e poder ter influenciado. As pessoas não podem esquecer que ter fé e esperança move montanhas e minha esperança moveu montanhas. É preciso correr atrás e fazer a sua parte. Sorte para mim é o nome engraçado para Deus. Sorte seria se alguém batesse na minha porta perguntando se eu queria atuar em uma novela da TV Globo, em um personagem com as minhas características, mas não foi assim, precisei estudar bastante para isso.