A decisão do governo de Santa Catarina de desobrigar o uso da máscara por crianças de 6 a 12 anos é criticada pelo pediatra e presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), Renato Kfouri. “Deveria ser a última medida a ser flexibilizada. Não se ganha nada com isso”, defende.
O decreto estadual 1.769, publicado nesta quarta-feira (2), ocorre em meio à alta ocupação de leitos de UTI pediátrica no Estado, onde cinco regiões estão com mais de 80% de lotação. Destas, duas ultrapassam os 90%, segundo o painel de dados do governo, verificado nesta quinta-feira (3).
O especialista reforça que o uso da máscara protege não apenas contra a Covid-19, mas também contra outras doenças. Assim, ele não enxerga os benefícios de flexibilizar a proteção. “Em qualquer idade e em qualquer espaço, desobrigar o uso só confunde as pessoas.”
“É uma medida barata de e eficaz de controle de transmissão que deve seguir enquanto durar a pandemia”, avalia.
Dados da vacinação do Estado mostram que 185.007 crianças receberam a primeira dose até esta quinta-feira (3). Isso representa 28,78% da população geral.
No texto, o governo transfere a responsabilidade do uso da proteção pelas crianças aos pais ou responsáveis, “que deverão supervisionar a correta utilização de máscara de proteção, sua colocação e retirada”. No entanto, não detalha como ocorrerá a fiscalização nas escolas, por exemplo.
A SES (Secretaria de Estado da Saúde) foi procurada para comentar sobre os motivos da flexibilização neste momento, assim como se não há preocupação de o número de casos da doença cresça entre as crianças, mas não houve retorno até a publicação. O espaço está aberto.
Kfouri diz que o uso da proteção também pode ser educativo. “Máscara é uma atitude coletiva. Ensina respeito e cidadania às crianças. Precisa ver qual é a justificativa da secretaria para desobrigar o uso. A meu ver é desnecessário”, ressalta.
Conforme o mapa de risco para a Covid-19 publicado na última semana, o Médio Vale do Itajaí está no nível grave para a doença e outras 15 estão com risco alto para o vírus. Apenas uma região está no nível moderado.
Confira a lotação de leitos de UTI pediátrica por região:
Grande Oeste: 83,33%
Meio Oeste e Serra catarinense: 91,67%
Vale do Itajaí: 90,48%
Sul: 88,89%
Grande Florianópolis: 70%
Foz do Rio Itajaí: 46,15%
Planalto Norte e Nordeste: 82,61%
Recomendações da Saúde
A SES recomenda que os pais, responsáveis e toda comunidade escolar considerem alguns fatores ao tomar a decisão sobre o uso de máscaras em crianças. São eles:
- Se a criança tiver de 3 e 5 anos de idade, não sendo elegível para a vacina COVID-19;
- Se a criança estiver imunocomprometida e não tiver uma resposta imune protetora à vacina COVID-19 ou possuir uma doença de base que a coloque em alto risco de doença grave COVID-19;
- Se a criança ainda não estiver completamente imunizada com as duas doses da vacina;
- Se outros membros de sua família estiverem em maior risco de doença grave ou não estiverem imunizados;
- Se as crianças residem em um município ou região com transmissão “alta” de COVID-19, ou classificado como nível de Risco Alto, Grave ou Gravíssimo de acordo com a Matriz de Avaliação de Risco Potencial Regionalizada do Estado de SC.