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Há um século, os primeiros habitantes de São Joaquim, movidos por uma devoção profunda ao patriarca São Joaquim, decidiram erguer a primeira capela dedicada a esse venerável personagem, pai de Nossa Senhora. Esta capela, construída com simplicidade e devoção, inicialmente consagrada ao patriarca, foi posteriormente transformada em sacristia quando uma nova e imponente capela foi construída em sua frente.

Os relatos históricos narram que os primeiros moradores utilizaram materiais rudimentares, como pedras naturais ligadas por barro, para construir a primeira capela. As pedras, de grandes dimensões e sobrepostas, eram transportadas por zorras e couros de bois, arrastados tanto por animais quanto pelos próprios escravos, em virtude da ausência de meios de transporte mais modernos.

Essa primeira capela, localizada no lado direito da atual Matriz, desempenhou um papel vital na história religiosa da comunidade. Seu campanário de madeira, abrigando um modesto sino, ecoava nas redondezas, marcando eventos importantes para os fiéis locais.

A capela também testemunhou a chegada de um harmônio da Europa, doado pelos irmãos Adolfo e Dorval Matos, mestres de música, e apoiados por familiares e amigos. Dona Hilda Matos, ainda muito jovem, tornou-se a primeira organista, contribuindo para as celebrações litúrgicas com suas habilidades musicais.

Uma peculiaridade marcante dessa capela era seu único degrau de entrada, simbolizando o primado do primeiro mandamento da Lei: “Amar a Deus sobre todas as Coisas”. Detalhes como esses trazem à tona a riqueza simbólica e a profundidade espiritual que permeavam a construção e os detalhes arquitetônicos da capela.

Histórias transmitidas por Brandina, uma escrava já falecida há muitos anos, revelam que os escravos desempenharam um papel crucial no transporte das pedras. Couros de bois, mantidos intactos com as patas, serviam como meio de carregar os materiais de construção, preservando não apenas a tradição arquitetônica, mas também a memória de uma época crucial na formação da comunidade de São Joaquim.

Hoje, ao recordar a história da primeira capela, as gerações atuais são convidadas a refletir sobre as origens da devoção e os esforços coletivos que deram forma ao patrimônio religioso de São Joaquim. Essas narrativas resgatadas do passado moldam a identidade e a fé da comunidade, conectando o presente à rica tapeçaria da história local.