15/07/2025 11h58 ⟳ Atualizada em 15/07/2025 às 11h58
Vinhedos imponentes e vinícolas majestosas são paisagens evidentes nos dias de hoje na cidade de São Joaquim, localizada na Serra Catarinense. Mas o que atualmente se tornou uma parte intrínseca da cultura local, já foi motivo de muita discussão e até mesmo de dúvida no passado.
A economia do Município baseou-se por muitos anos na pecuária de corte extensiva e na exploração vegetal, principalmente na extração de matas de araucária. A partir da década de 70, a agricultura passou a comandar os destinos do município, com o plantio de pomares de macieiras e produção de batata.
Os primeiros registros da cultura da uva e produção de vinho resumem-se a uns poucos descentes de italianos instalados na região, que cultivavam alguns poucos pés de uva americana, principalmente do cultivar Isabel, de forma a manter a tradição de seus antepassados e elaborar uma pequena quantidade de vinho caseiro para acompanhar as refeições.
Também os fazendeiros tradicionais, em suas tropeadas de gado pela região sul do estado, costumavam trazer mudas de uva na garupa de seus cavalos para serem plantadas em seus quintais, proporcionando a suas famílias deliciarem-se com as doces uvas de mesa de cultivares americanas, como as variedades Isabel, Niágara e Goethe.
Ao final da década de 80 e início da década de 90, a Estação Experimental de Videira, pertencente à EPAGRI, entidade oficial de pesquisa do Estado de Santa Catarina, iniciou um trabalho de verificação de adaptação de diferentes cultivares de uva vinífera nas demais estações experimentais do estado.
Da mesma forma, nos anos seguintes, empresários de ramos diversos apaixonados pelo vinho voltaram os olhos para a região serrana e iniciaram seus investimentos, como é o caso das vinícolas Quinta da Neve, Villa Francioni e Suzin, pioneiras na implantação de vinhedos e produção dos primeiros vinhos joaquinenses.
Com o aperfeiçoamento de técnicas de produção somado à compreensão das necessidades específicas de manejo do novo terroir, a região começou a receber reconhecimento nacional e internacional, atraindo turistas e investidores interessados na produção de vinhos de alta qualidade.
Hoje, São Joaquim é considerada uma das principais regiões produtoras de vinho de clima frio no Brasil, com diversas vinícolas que oferecem degustações e eventos relacionados ao mundo do vinho, como é o caso da Vindima de Altitude que celebra a colheita da uva nos meses de março e abril.
Assim, mesmo com as dificuldades climáticas e infraestruturais, São Joaquim mantém viva e crescente a paixão pelo vinho de altitude, hoje, ao lado da cultura da maçã, símbolo de sua identidade e de seu desenvolvimento, criando não somente novas oportunidades de emprego na cidade, como também a consolidação da região como polo vitivinícola no Brasil.