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Em 1951, surgiu a ideia de construir um aeroporto em São Joaquim, um município localizado na Serra Catarinense, em Santa Catarina. A iniciativa partiu com a aquisição das terras necessárias, com um investimento de CR$ 1.150.000,00. Os proprietários das terras, Rosalvo Albino e sua esposa Adelina Maria Albino, venderam quase 288.181,50 m², para viabilizar o projeto. No entanto, apenas em 1953 o documento de registro foi oficialmente lavrado pelo cartório de registro geral, formalizando a transferência de propriedade.

A construção da pista de terra batida foi concluída posteriormente, em 1978, pelo então Prefeito na época Rogério Tarzan, para a primeira festa nacional da maçã, permitindo a recepção de aeronaves em São Joaquim. Com aproximadamente mil metros de extensão, a pista atraiu diversas visitas ilustres ao longo dos anos. Entre os visitantes mais notáveis estavam os presidentes da república Ernesto Geisel, que esteve na cidade em 1978, João Figueiredo em 1982, José Sarney em 1988 e Fernando Collor de Mello em 1991.

O desenvolvimento do aeroporto avançou significativamente em 1983, quando o prefeito Prudente Cândido da Silva aprovou a lei Nº 1.200, que denominava o aeroporto de “Prefeito Ismael Nunes”, em homenagem aos serviços prestados por Ismael Nunes durante suas duas administrações municipais. Este ato marcou um importante passo para a consolidação do aeroporto como uma infraestrutura vital para a cidade.

Apesar da sua importância histórica e das visitas ilustres, o aeroporto de São Joaquim enfrentou dificuldades operacionais ao longo dos anos. Desde 1992, a pista de terra batida ficou inoperante, marcando um período de inatividade para a infraestrutura que já foi um símbolo de progresso e desenvolvimento para a cidade.

A história do aeroporto de São Joaquim é um reflexo da perseverança e do espírito visionário dos seus fundadores, assim como das administrações municipais que acreditaram no potencial de um aeroporto para fomentar o crescimento e a visibilidade da cidade. Apesar dos desafios enfrentados, a memória do aeroporto permanece como um capítulo importante na história de São Joaquim.

Ismael Nunes adquiriu um terreno na Fazenda Morro Agudo, para construir o Aeroporto Municipal, que mais tarde também recebeu seu nome em forma de reconhecimento pelos seus trabalhos

Asfaltamento da pista

As obras de pavimentação da pista de pouso e decolagem, saída e pátio de manobras do Aeroporto Municipal Ismael Nunes, de São Joaquim aconteceram em 2016. O aeroporto de São Joaquim era tratado como categoria 2 VFR, ou seja, apenas pouso visual. Depois da obra, o aeroporto de São Joaquim foi incluído no PIL – Plano de Investimento em Logística, do Governo Federal, e com isso poderá chegar a categoria 2 IFR, ou seja, operar com pouso por instrumento.

Um Novo Capítulo na História da Aviação Regional

A pista original, que foi palco de importantes momentos da história política brasileira, tem agora uma nova configuração: uma pista asfaltada de 1.300 metros de comprimento por 30 metros de largura, situada a 1.360 metros de altitude. Com essas melhorias, São Joaquim está preparada para receber voos executivos novamente, uma novidade que promete trazer inúmeros benefícios para a região.

Segundo especialistas, a reativação do aeroporto será um marco para o desenvolvimento local, abrindo portas para um aumento no turismo e atraindo novos investidores. A cidade, famosa por suas belezas naturais e seu clima frio, já é um destino popular entre turistas que buscam paisagens deslumbrantes e experiências únicas. Com a possibilidade de voos executivos, a expectativa é que São Joaquim se torne ainda mais acessível e atrativa para visitantes de diversas partes do país e do mundo.

A infraestrutura aprimorada não só facilitará o acesso de empresários e turistas, mas também impulsionará a economia local, gerando empregos e estimulando o comércio e os serviços. A comunidade de São Joaquim está otimista com as perspectivas que se abrem com a retomada das operações do aeroporto, vendo nisso uma oportunidade para um crescimento sustentável e equilibrado.

Este renascimento do aeroporto de São Joaquim simboliza mais do que uma simples reativação de uma pista de pouso; representa um novo fôlego para a região, que agora vislumbra um futuro promissor, apoiado no desenvolvimento do turismo e na atração de novos investimentos. A cidade, com sua rica história e potencial turístico, está pronta para decolar rumo a novos horizontes.

 

Quem foi Ismael Nunes

Ismael Nunes exerceu o cargo por dois mandatos: de 1951 a 1956; e de 1961 a 1965.

Ismael Nunes sempre se dedicou à agricultura e à pecuária, mas também se interessava por política. Em 02 de janeiro de 1947 foi nomeado Delegado do Partido Social Democrático (PSD) da 28ª Zona Eleitoral do Estado. Foi nomeado pelo Presidente da Comissão Executiva em Santa Catarina, então Nereu Ramos. Ismael foi filiado ao PSD até 1950, quando foi convidado a se filiar à União Democrática Nacional (UDN), partido pelo qual se candidatou à Prefeitura Municipal (em 1950).

Em 1960, por divergência de opiniões (assim como já ocorrera em 1950), Ismael Nunes desligou-se da UDN, filiando-se ao Partido Liberal (PL). Com outros colegas dissidentes, formaram a Comissão Interpartidária, juntamente com outros partidos: PSD, Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Partido Democrático Cristão (PDC) e PL.

Em julho de 1960, vários líderes da Comissão Interpartidária propuseram que Ismael Nunes se candidatasse novamente à Prefeitura de São Joaquim. Apesar da relutância dele e da família, Ismael acabou aceitando. A disputa entre a Comissão Interpartidária (conhecida como lenço vermelho) e a UDN (lenço branco), com o candidato Fúlvio Amarante Ferreira, foi bastante acirrada, mas Ismael Nunes acabou como vencedor por nove votos.

Textos e pesquisa: Wagner Urbano