Após viver dias de oscilação nas temperaturas, Santa Catarina deve registrar, na próxima semana, a maior onda frio desde 1955, com relação às mínimas, correndo o risco de registrar congelamentos e prejuízos. O alerta foi emitido pelo meteorologista Ronaldo Coutinho nesta sexta-feira (23).
“Extraordinária onda de frio. É muito mais forte do que qualquer outra que teve. Mantendo as projeções, o frio trará prejuízos à agricultura e às pessoas, podendo até ter congelamento de água”, informou Coutinho.
Segundo ele, a partir de quarta-feira (28) há chance de temperaturas negativas na Capital catarinense, algo que ocorreu pela última vez em 1975, além de geadas fortes no cinturão verde da Ilha. “Tudo que for sensível ao frio poderá sofrer danos. Avisamos com antecedência para o produtor tomar cuidado e se preparar, assim como as pessoas”.
O frio intenso também trará riscos de hipotermia para pessoas com situação de exposição elevada ao frio, como moradores de rua, e animais de criação e estimação. “Na região da Serra Catarinense as máxima podem oscilar entre 0 e 3° e mínima entre -7 e -10°C”.
Dias mais frios
Conforme Coutinho, os dias mais frios serão quinta, sexta-feira e sábado, com máximas de 0º e mínima negativas em todo o Estado. Ele explica que as massas frias que estão saindo do Polo Sul são mais fortes que o habitual.
“Como estamos em situação de La Niña, o Oceano Pacífico está neutro, mas o comportamento da atmosfera é de La Niña e isso favorece para que as correntes de vento empurrem as massas de ar frio com mais facilidade ao Sul. Teremos frio fora do padrão até dezembro, mas a partir da primavera e do verão vai diminuindo a intensidade e a duração”, destaca.
O meteorologista Piter Scheuer acrescenta que as temperaturas negativas podem ocasionar geada ampla a severa. Segundo ele, há chance de temporais com transtornos de tempestades localizadas.
A incursão de ar quente e úmido vindo da floresta Amazônica contribui para que os índices de estabilidade estejam mais presentes no início da próxima semana.
Contraste de temperaturas
Conforme Scheurer, o contraste de temperaturas é um processo natural, porque a atmosfera sempre tenta atingir o equilíbrio. Como Santa Catarina terá um calor intenso agora, um frio forte virá depois.
“Nesta época do ano é comum a gente ter transição de massas de ar porque o principal sistema meteorológico é frente fria, que é um encontro de ar frio com massa de ar quente. Isso justifica essa oscilação de temperaturas altas e baixas”, aponta.
As chuvas com temporais, por conta do contraste de temperatura muito grande, não estão descartadas. A perturbação de ondas curtas contribui para a convergência de massa que pode gerar linhas de instabilidade”, explica Scheurer.
“Vamos monitorar para verificar se essa massa de ar polar vai se concretizar ou não até a segunda e terça-feira para saber se vai se a previsão se cumprirá. Falamos com antecedência para, caso se confirmem as previsões, os trabalhadores da agricultura e as pessoas se prepararem”.
Defesa Civil reforça alerta
A meteorologista da Defesa Civil de Santa Catarina, Carolina Kannenberg, reforça o alerta de tendência de mudança nas condições de tempo a partir da próxima terça-feira (27) com a passagem de uma frente fria pelo Estado, que traz chuva para todas as regiões catarinenses.
Já a partir de quarta-feira (28), uma nova onda de frio intenso deve provocar o declínio acentuado das temperaturas, reforçando a possibilidade de o Estado registrar o maior frio dos últimos anos.