A Serra de Santa Catarina tem 18 cidades que precisam de, no mínimo, 40 demandas para alavancar o turismo, conforme aponta relatórios obtidos pelo ND+. A região é um destino cada vez mais procurado por turistas no inverno, que começou na última quarta-feira (21). Além disso, o governo estadual prometeu investimentos na região.
Urubici, Bom Jardim da Serra, São Joaquim, Urupema e Lages são as cidades mais frias do País e todas localizadas na Serra Catarinense.
A região tem o menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) entre as de Santa Catarina, segundo a Amures (Associação dos Municípios da Região Serrana). O índice é calculado com base em três critérios: renda, escolarização e esperança de vida. A média entre os municípios da Serra fazem com que a região seja a última colocada no ranking.
A turismóloga da Amures, Ana Vieira, explica que as demandas da região, que é destino para turistas independente da estação, ainda são básicas e explica a razão:
“Uma região só é boa para o turista quando é boa para o seu morador. A gente está falando de qualidade de destino, de moradia, de rodovia. Os grandes municípios que são destinos turísticos já têm um desenvolvimento humano importante”, explica.
De acordo com o secretário de planejamento, Edgar Usuy, o IDH das regiões de Santa Catarina não é utilizado como guia de investimentos no Estado.
“Nós temos uma preocupação de não estarmos acomodados atrás dos indicadores, porque os indicadores trazem uma média e a média do IDH de Santa Catarina é muito positiva”, afirmou.
A Facisc (Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina) e a Amures (Associação dos Municípios da Região Serrana) enviaram ao ND+ um levantamento das demandas da Serra Catarinense. A turismóloga explica que boa parte das necessidades do município são básicas em função da própria geografia da região.
“A Serra precisa de infraestrutura, nós temos 16% do território estadual, destes muitas rodovias de terra, estradas de chão. Uma característica importante é que o nosso turismo é rural, de modo que ele pode ser ecológico, de esportes radicais, gastronômico, mas ele acontece no meio rural”.
Infraestrutura e energia elétrica são os principais gargalos da Serra
Acessar destinos turísticos na Serra ainda é desafiador em aspectos de infraestrutura, explica Vieira. Segundo a turismóloga, as dificuldades vão desde o carro de passeio conseguir transitar pela estrada de chão que leva até uma pousada ou vinícola, por exemplo, até o acesso à luz e internet quando o turista chega no local.
“Quando você fala que o destino é turístico, você afirma que ele já tem acessibilidade e infraestrutura. Por isso que a nossa base de demandas continua sendo de infraestrutura básica, porque ela não chegou ainda de forma geral”, afirma Vieira.
“Uma grande demanda é a de energia. Nós temos alguns pontos turísticos que já tem um fluxo importante, e chega em determinado horário apaga a a luz. Se o turista está em um local isolado isso não pode acontecer, em função do frio e também da conexão com a internet”, completa.
Conforme a Celesc (Centrais Elétricas de Santa Catarina), uma subestação é planejada para Bom Jardim da Serra e uma nova linha de distribuição de energia para a região que deve partir do próprio município, São Joaquim ou de Bom Retiro.
O levantamento da Amures aponta ao menos 40 demandas para os 18 municípios da Serra catarinense. Destas, mais da metade são necessidades de infraestrutura: pavimentação, revitalização, construção e sinalização de caminhos e pontos turísticos.
A SIE (Secretaria de Estado da Infraestrutura e Mobilidade) atualizou a situação de quatro obras listadas pela Facisc e pela Amures:
- O repasse de recursos para a continuidade da obra de pavimentação asfáltica no trecho da SC-390, entre Bodegão e São Joaquim, deve ser normalizado no começo desse segundo semestre.
- Já o projeto de asfaltamento da rodovia SC-284, entre Palmeira e Correia Pinto, foi concluído. A próxima etapa é licitar a obra. Mas, ainda não há uma data definida.
- Sobre a conclusão das obras na SC-370 (trecho da Serra Corvo Branco), há um pedido por parte da empresa para reincidir o contato. Processo que está sendo acompanhado pela SIE. Se isso acontecer de fato, será feita uma nova licitação.
- Já sobre pavimentação da rodovia SC-370, de Urubici a Rio Rufino, a obra está sendo executada pela empresa Planaterra. Dos 24 quilômetros, foram liberados para a execução do serviço um trecho de 6 quilômetros. No restante do trecho está sendo refeito uma readequação pontual do projeto, mas a obra segue acontecendo normalmente.
Governo do SC quer colocar o inverno no mapa do turismo
Em 30 de maio, o Governo do Estado lançou a Estação Inverno, com o objetivo de consolidar o período mais frio do ano como destino turístico de Santa Catarina. Na última quinta-feira, o governador Jorginho Mello esteve na região, conversou com os prefeitos dos municípios e anunciou investimento no aeroporto de São Joaquim, que está desativado.
De acordo com o secretário de turismo, Evandro Neiva, o inverno catarinense está sendo vendido como um produto do turismo catarinense, assim como o verão. Segundo o titular da pasta, diferentes frentes do governo se uniram para pensar em investimentos com o foco na estação mais fria do ano.
“Santa Catarina sempre trabalhou muito o verão, é um produto já consolidado no mercado. Só que o nosso é curto, competindo com verões de outros estados, nós temos essa deficiência. Ao mesmo tempo, nós temos um inverno que outros estados não tem”, explica.
Neiva afirma que as obras na SC-370, no trecho da Serra Corvo Branco, irão passar por um reparo paliativo para atender a estação de maior movimento, enquanto uma obra mais definitiva é planejada pela Secretaria de Infraestrutura.
O secretário garantiu investimentos na iluminação pública na região, e afirmou a rua coberta de Urubici, outra demanda citada pelo relatório da Amures, deve ficar pronta até o final de 2023.
Fonte: NDMAIS