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Foto: Wagner Urbano

[dropcap]D[/dropcap]oces, suculentas e crocantes. Assim são as maçãs produzidas em São Joaquim (SC). Neste ano, a colheita, feita manualmente, deve atrair 5.000 trabalhadores de diversas partes do país para a cidade de 26.763 habitantes, a 156 km de Florianópolis.

Tirar as frutas das macieiras é trabalhoso. Os empregados usam escadas para alcançar o topo das macieiras, que podem chegar a quatro metros de altura.

A safra da serra catarinense deve variar de 350 mil a 400 mil toneladas, o que equivale a um terço da produção brasileira, segundo Rogerio Pereira, presidente da Associação de Maçã e Pera de Santa Catarina (Amap).

A colheita ocorre de fevereiro a maio, mas as maçãs duram muito mais. É provável que as frutas colhidas agora sejam as consumidas na ceia do Réveillon de 2020. Isso porque elas são armazenadas em câmaras refrigeradas com uso de tecnologia específica.

Foto: Wagner Urbano

“Praticamente retiramos o oxigênio e deixamos a maçã lá. Ela está viva, tem umidade, mas respira o mínimo possível”, diz Marcelo Cruz de Liz, gerente da Estação Experimental da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural).

Segundo Liz, o que torna a maçã da região tão saborosa são as horas de exposição ao frio, clima exclusivo de áreas com altitude como a de São Joaquim, acima de 1.100 m, onde não é raro nevar no inverno.

Produzida em vários países, a maçã é originária das áreas gélidas do Cazaquistão e da China, de acordo com ele. Por isso, no Brasil, ela se adapta melhor à serra de Santa Catarina, mais fria.

A excelência da maçã é alcançada com 700 a 900 horas com temperatura abaixo de 7,2ºC, que “quebram a dormência” da gema da fruta e resultam em uma florada adequada. Uma safra é influenciada não pelo inverno passado, mas pelo retrasado. Por isso, a expectativa para a próxima safra é melhor do que a atual.

São Joaquim e as sete pequenas cidades de sua região têm 2.400 fruticultores que cultivam 12 mil hectares de pomares das variedades gala e fuji –elas respondem por 40% e 60% do total, respectivamente. É importante plantar as duas variedades porque elas têm polinização cruzada.

Como o pólen não chega sozinho às flores, cada hectare tem de quatro a seis colmeias –cada uma pode ter 60 mil abelhas. Normalmente, fruticultores alugam colmeias para que os pomares sejam ainda mais produtivos.

Para evitar perdas financeiras por problemas climáticos, como granizo, a Epagri auxilia os produtores com tecnologias como acesso a telas, que protegem os pomares.

“Em uma safra passada, caiu granizo dez dias antes de colher. Sem as telas, a perda teria sido acima de 80% do pomar”, diz Carlos Alberto Demeciano, 39, que há 18 anos trabalha com maçãs.

Outra tecnologia disponibilizada pela Epagri é o Agroconnect. Um sistema online gratuito pelo qual os produtores são avisados em tempo real sobre doenças da macieira.

“O sistema nos auxilia a tomar decisões para controle fitossanitário e diminui nossos custos de produção”, afirma.

Fonte: Folha de São Paulo