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[dropcap]D[/dropcap]epois da truta, a produção de peixe na Serra Catarinense para fins comerciais ganhou mais um aliado: o jundiá. Trata-se de uma espécie nativa da água doce que se adapta bem às condições climáticas da região, possui boa taxa de sobrevivência e crescimento e um grande potencial no mercado consumidor.

A produção ainda é tímida, mas, aos poucos, começa e se destacar. A tendência é que a espécie alavanque fortemente a piscicultura na região.

O cultivo da espécie em cativeiro ganhou força recentemente, a partir da implantação de seis Unidades de Referência Tecnológica (URTs) nos municípios de Correia Pinto, Ponte Alta, Otacílio Costa, Bocaina do Sul, Campo Belo e Capão Alto. Criadas pela Epagri em parceria com os produtores, essas unidades, depois de consolidadas, servirão de referência para fomentar a cadeia produtiva.

Além das URTs, outro braço do projeto é a Estação Experimental de Piscicultura da Serra (antiga base do Ibama), que fica às margens da SC-114, entre Lages e Painel. Lá, são desenvolvidas pesquisas e tecnologia colocadas à disposição dos produtores.

Ainda como parte do projeto, a Epagri desenvolve outras ações, como orientações técnicas sobre o cultivo não apenas sobre a criação de jundiá, mas de outras espécies de peixe.

Segundo o responsável pela estação, Vilmar Zardo, o jundiá representa uma importante alternativa de renda no campo. Com um ótimo sabor, baixo nível de gordura e sem espinho no filé, a espécie é vista como promissora para o piscicultor. Zardo explica que, quando alcança uma média de 700 gramas a 900 gramas, o jundiá está pronto para a comercialização.

Atualmente, os pesque-pagues são os principais mercados consumidores, mas discute-se a necessidade de fomentar o abate em escala industrial.

Antenor Aloisio Ehrembrink, de 47 anos, mora na comunidade Águas Sulfurosas, às margens da BR-116, em Correia Pinto, é dono de uma URT. Há um ano e três meses, ele decidiu apostar na criação de jundiá, após receber orientação de um técnico da Epagri.

De início, largou 1.300 alevinos (filhotes) em um açude em sua propriedade e, atualmente, está faturando com a venda dos peixes. O negócio deu tão certo que já está pensando em construir outro açude. “[O peixe] tem boa saída.”

Espécie se adapta bem ao clima

O responsável pelo Programa Estadual de Aquicultura e Pesca da Região Serrana, o engenheiro-agrônomo Aziz Abou Hatem, explica que, por ser nativo, o jundiá se adapta muito bem ao clima da região.

Conforme pesquisas, a espécie tem sobrevivência de 90% dos alevinos. A alimentação é à base de rações concentradas e balanceadas, o que permite atingir na engorda o crescimento de 1,54% de seu peso ao dia.

O desenvolvimento da espécie é surpreendente. O peixe apresenta taxa de conversão alimentar de 1,3 quilo de ração para cada quilo. Em termos de comparação, a tilápia, por exemplo, possui conversão de 1,5 quilo. Ou seja, o jundiá se desenvolve com menos comida. O resultado “é excepcional”, compara.

A Epagri começou a estudar o jundiá em 2008, através de um grupo. Até 2015, conseguiu aprovar projetos de pesquisa, dando início às atividades com a espécie.

Atualmente, segundo o órgão, existem cerca de 3 mil piscicultores espalhados nos 18 municípios da Serra Catarinense, não se sabe, no entanto, quantos cultivam jundiá.

Fonte: CL +