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créditos Divulgação/Epagri.

[dropcap]A [/dropcap]queda de granizo é um problema que preocupa produtores de maçã do Planalto Sul catarinense, região responsável por 71,1% do total colhido na safra 2014/2015. Atenta a essa situação, a Epagri passou a apoiar os agricultores da região para acessarem políticas públicas que financiaram a instalação de telas antigranizo nos pomares. A ação da Empresa ajuda a evitar prejuízos que poderiam chegar a R$ 6,3 milhões.

A região é caracterizada pela produção de maçãs em pequenos e médios pomares, com participação da agricultura familiar em sua maioria. A atividade representa a base econômica dos municípios de São Joaquim, Bom Jardim da Serra e Urupema e é bastante significativa em Urubici, Bom Retiro e Rio Rufino. O granizo pode trazer sérios prejuízos aos produtores no período de crescimento e maturação dos frutos.

A características de clima e relevo do Planalto Sul Catarinense favorecem a ocorrência de temporais com precipitações acompanhadas de granizo nos períodos de transição entre a primavera e o verão. Nos últimos 10 anos, com o aumento dos custos de produção e a redução da margem líquida da atividade, os produtores começaram a se preocupar mais com o granizo e a investir em sistemas de cobertura, com a finalidade de evitar frustrações de safra e descapitalização do empreendimento.

Segundo Marlon Francisco Couto, gerente regional da Epagri em São Joaquim, as safras 2009/2010 e 2010/2011 sofreram prejuízos expressivos com granizo. “Cerca de 25% da produção foi atingida e danificada em diferentes intensidades”, garante o gerente. A desvalorização do valor da fruta danificada trouxe dificuldades para que os produtores honrassem seus compromissos com agentes financeiros, com o comercio local e com prestadores de serviço.

No ano de 2010, com o agravamento deste problema em São Joaquim, a Epagri levou proposta ao Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural. A solução apontada pelos técnicos foi priorizar as cotas de programas da Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca (SAR) para efetivar investimentos em cobertura de pomares de maçã. 

Nos últimos sete anos os escritórios municipais da Epagri em São Joaquim, Bom Jardim da Serra e Urupema elaboraram 118 projetos de crédito rural para construção de cobertura antigranizo. Os projetos aproveitaram as políticas públicas da Secretaria da Agricultura e da Pesca: Fomento – FDR, SC Rural, Juro Zero e, mais recentemente, o Programa de Cobertura de Pomares de Maçã, Frutas de Caroço e Uva. Graças a esse trabalho, os pequenos e médios produtores puderam proteger 229,02 hectares de pomares de maçã na região.

Números

Os números mostram uma cobertura média de 1,94 hectare por produtor beneficiado nesta ação da Extensão Rural. O investimento médio foi R$ 42.813,22 por hectare. “O valor total dos investimentos realizados foi de R$ 9,56 milhões, dos quais 30% aproximadamente oportunizaram a criação de empregos na prestação de serviços para montagem dos sistemas de proteção antigranizo. Os 70 % restantes foram aplicados em aquisição de materiais para construção”, enumera Marlon, destacando que tudo auxiliou a geração de empregos e as arrecadações nos municípios.

São Joaquim foi quem mais aproveitou esta oportunidade, já que 86% da área abrangida pelos projetos da Epagri foram implantadas no município. “Para termos uma ideia dos benefícios desta ação, se os 198 hectares cobertos em São Joaquim pelos projetos da Epagri estivessem desprotegidos e ocorresse uma chuva de granizo de intensidade severa nesta área, com redução de 75% do valor comercial da produção, os prejuízos poderiam chegar a R$ 6,3 milhões, considerando uma produtividade de 50 toneladas por hectare e preço médio de R$ 0,85 por quilo de maçã”, calcula Marlon.

Segundo levantamento do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Epagri/Cepa), na safra 2014/2015 a região contava com 11.942 hectares de pomares de maçã. A gerência regional de São Joaquim estima que 12% deste total esteja protegido com sistemas de cobertura antigranizo. O Valor Bruto de Produção (VPB) naquela safra foi estimado em R$ 353,50 milhões e os principais municípios produtores citados no levantamento foram São Joaquim, com 307.913 toneladas e Bom Jardim da Serra, com 33.550 toneladas.

Além de garantir produção de maçãs sem danos decorrentes de granizo, os sistemas de proteção também ajudam a evitar comprometimento da safra seguinte em caso de granizos severos, diminuem perdas causadas por danos pela queima do sol e reduzem lesões em ramos que podem ser porta de entrada para infecção do cancro europeu das pomáceas. Ajudam também na diminuição de perdas da produção causadas por pássaros e reduzem danos com geadas tardias em algumas situações – dependendo da intensidade do fenômeno. Ainda colaboram com a manutenção dos empregos diretos nos pomares, crescimento da economia e da arrecadação municipal.

Informações e entrevistas
Marlon Francisco Couto, gerente regional da Epagri em São Joaquim