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A imagem tradicional de uma macieira em formato de árvore está mudando. Ou melhor, já se transformou. A planta cada vez mais se assemelha a um arbusto. Fica menor, mais estreita, com galhos mais curtos. Essa mudança foi possível pelos melhoramentos realizados com pesquisas ao longo de décadas.

Se no lugar das árvores formarem-se arbustos, tal qual uma videira, fica mais fácil e rápida a coleta dos frutos maduros, sem necessidade de subir escadas ou plataformas. E se a planta pegar mais sol, as maçãs ficam mais vermelhas e com melhor qualidade para o mercado. Mas para que essa mudança seja aplicada, é preciso também mudar o sistema que orienta o crescimento da macieira. Essa cadeia de técnicas permite o melhor aproveitamento da planta e dos frutos.

“Hoje falamos muito de sistemas de condução. Essa é a ideia básica: desenvolver um sistema de condução de macieira que seja competitivo, que seja viável técnica e economicamente”, explica o pesquisador da Embrapa, Marcos Botton.

Os estudos realizados pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e pela Epagri são fundamentais para desenvolver essas novas tecnologias. “Antigamente você pensava como se fosse um pinheirinho de Natal. No futuro teremos que ter um porta-enxerto que se adapte ao sistema de condução, tipo a parreira. Assim terá uma melhor eficiência na colheita, na condição de maturação dos frutos e, principalmente, mecanização do pomar”, destaca Leo Rufato, professor e pesquisador da Udesc.

Rufato testa um porta-enxerto que encurta o tempo necessário de desenvolvimento de uma macieira, ajudando o produtor a colher mais rápido e ainda pagar o custo de investimento mais cedo.

Melhoramento genético

Isadora é jovem, desconhecida e com uma carreira promissora pela frente. Prestes a brilhar no tapete vermelho da produção de maçãs internacional, ela é um dos destaques desenvolvidos pela Estação Experimental da Epagri de Caçador, no Oeste catarinense.

De casca grossa, resistente, mas com muito açúcar. Essa jovem promessa fez brilhar os olhos de um grupo de empresários italianos. O motivo é a durabilidade da fruta, pois pode ficar armazenada por mais de um ano em câmara simples de resfriamento, sem perder o caráter jovial e a crocância, características tão apreciadas em uma maçã.

Isadora junto com as irmãs Luiza e Venice, variedades desenvolvidas pela Epagri, fazem parte de um acordo de cooperação internacional, assinado em 2022, que permitirá a produção em terras italianas, com a marca Sâmboa. Já são 300 hectares cultivados fora do Brasil, com meta de chegar a 4 mil em todo o mundo.

“A previsão de expansão é muito grande. Esperamos que essas variedades tragam um ganho de visibilidade para a Epagri, para Santa Catarina e para a pesquisa. Estamos muito felizes por este trabalho, que tem aberto as portas para o mundo”, destaca o pesquisador Marcus Vinicius Kvitschal, que lidera estudos de melhoramento genético da maçã na Epagri.

Enquanto a Epagri exporta essa tecnologia, recebe pela primeira vez royalties pela pesquisa dessas variedades, netas das primeiras mudas de fuji e gala em Santa Catarina.

Confira, até sábado, dia 13 de maio, outras matérias desta reportagem especial que conta como tecnologia ajudou a tornar Santa Catarina líder no cultivo de maça.

Reportagem Gisele Krama
Fotos e Infográficos Gabriela Garcia
Infográficos Sharlene Melanie
Vídeos Caroline Costa
Edição Nanda Gobbi