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A imponente Serra do Rio do Rastro, localizada no sul de Santa Catarina, carrega em suas curvas não apenas uma impressionante beleza natural, mas também uma rica trajetória histórica que atravessa séculos. Antes mesmo da chegada dos colonizadores europeus, a região era habitada por povos indígenas, especialmente das etnias Xokleng e Kaingang, que viveram em harmonia com a fauna e flora locais, mantendo uma relação profunda com o território.

Com a colonização, a serra passou a ser explorada por sua localização estratégica e pela necessidade de ligação entre o planalto e o litoral. No século XIX, as primeiras trilhas foram abertas para facilitar o transporte de mercadorias e o deslocamento de pessoas. No entanto, foi somente entre os anos de 1951 e 1955 que começou a tomar forma a estrada sinuosa como a conhecemos hoje. Inicialmente, tratava-se de uma picada alargada, aberta para conectar o distrito de Novo Horizonte, em Lauro Müller, ao município de Bom Jardim da Serra, no topo da serra.

O avanço mais significativo veio na década de 1980. Entre 1984 e 1986, durante o primeiro governo de Esperidião Amin, a estrada foi pavimentada com concreto, tornando-se a primeira via catarinense com esse tipo de revestimento. Essa obra não apenas trouxe melhorias na mobilidade regional, como também contribuiu para impulsionar o turismo e a economia local.

Além de sua função como ligação rodoviária, a Serra do Rio do Rastro desempenhou um papel estratégico durante o regime militar, sendo utilizada como ponto de observação e controle devido à sua altitude e à dificuldade de acesso.

Hoje, a serra é reconhecida nacionalmente como uma das estradas mais bonitas do Brasil, atraindo turistas de todas as partes por seus mirantes, suas paisagens de cânions e pela exuberância da Mata Atlântica. A região também é considerada um ecomuseu, preservando não apenas sua biodiversidade, mas também a memória material e imaterial de seus antigos povos e da construção histórica que moldou o local.

A Serra do Rio do Rastro segue sendo um símbolo do encontro entre a natureza, a cultura e a engenharia, um cartão-postal de Santa Catarina e um patrimônio que merece ser conhecido e valorizado por todos.