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Ministério da Saúde está avaliando a aplicação de uma terceira dose da vacina contra a Covid-19 em parte da população brasileira. A avaliação foi feita nesta segunda-feira (16) pela secretária de enfrentamento à doença do Ministério da Saúde, Rosana Melo, durante reunião da Comissão Temporária da Covid-19 no Senado.

Brasil pode seguir exemplo dos EUA e aplicar 3ª dose contra Covid-19 em grupos específicos – Foto: Cristiano Andujar/PMF/Divulgação/NDBrasil pode seguir exemplo dos EUA e aplicar 3ª dose contra Covid-19 em grupos específicos – Foto: Cristiano Andujar/PMF/Divulgação/ND

No encontro, a secretária avaliou que a experiência dos Estados Unidos na aplicação de mais uma dose deverá ser acompanhada pelo Brasil, com foco em pessoas com sistema imunológico mais frágil como transplantados, portadores do vírus HIV e de pacientes com câncer.

Os estudos, no entanto, são preliminares e os especialistas disseram aos senadores que ainda não está definido quais imunizantes poderão ter terceira dose e se haverá possibilidade de uma pessoa receber o reforço de uma vacina diferente do que tomou inicialmente.

“Temos alguns estudos preliminares, porém esses estudos não foram publicados. São discussões internas, nem podemos publicizar tanto, em respeito aos pesquisadores, porém já estamos tomando decisões em nível de gestão, o que fazer, o que planejar, quantificar esses grupos que precisem, a exemplo do que aconteceu na semana passada nos Estados Unidos”, adiantou a secretária.

Exemplos de fora

Segundo Rosana Melo, caso a estratégia se confirme no Brasil, os grupos prioritários não devem ser diferentes dos priorizados nos Estados Unidos.

A terceira dose já é testada também em Israel, onde as doses de reforço começaram a ser oferecidas no final de julho para pessoas com mais de 60 anos, como um dos esforços para retardar a propagação da variante Delta. A medida foi posta em prática antes mesmo da aprovação pela Food and Drug Administration dos Estados Unidos (órgão semelhante à Anvisa no Brasil).

Aqui no Brasil, a Anvisa também já autorizou em julho a realização de um estudo clínico para avaliar a segurança, a eficácia e a imunogenicidade de uma terceira dose da vacina da AstraZeneca. A aplicação será feita em participantes do estudo inicial que já haviam recebido as duas doses do imunizante, com um intervalo de quatro semanas entre as aplicações.

Os países que já aplicam a terceira dose se basearam em estudos que indicam que a imunidade diminui com o tempo.

A diretora da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária ), Meiruze de Sousa Freitas, disse que a decisão sobre a aplicação de uma dose extra da vacina contra a Covid-19 deve ser tomada com cautela. Segundo ela, para casos de reforço, a maioria dos países têm recomendado doses da mesma vacina já tomada, mas em algumas situações a intercambialidade é permitida.

Ao mesmo tempo, outros países vêm discutindo a medida. Conforme a diretora da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária ), Meiruze de Sousa Freitas, há debates no Reino Unido, França e Alemanha, que devem seguir a experiência de Israel que já está fazendo o reforço.

No Chile, para a população mais velha imunizada com a CoronaVac a recomendação é de aplicação de uma nova dose. “Notificamos a Pfizer na [última] terça-feira e agendamos reuniões para esta semana para discutir dados apresentados”, disse.

Nos Estados Unidos, a terceira dose foi autorizada para vacinas que usam RNA mensageiro, como a Pfizer e a Moderna.

Variante Delta

Especificamente sobre a variante Delta, a avaliação do Ministério da Saúde é que, no Brasil, ela surgiu mais tímida, mas o panorama está mudando. Nesse cenário, o relaxamento de medidas preventivas por parte de gestores da saúde e da população têm contribuído para o aumento do número de casos.

“Entendemos a nossa cultura latina, mas houve um relaxamento mesmo das pessoas mais entendidas em relação a isso”, avaliou a secretária.

Também durante a audiência pública a pesquisadora da Escola de Saúde Pública Sérgio Arouca, Margareth Dalcomo, reconheceu que alguns grupos, como idosos que tomaram a CoronaVac, pessoas com deficiência e profissionais de saúde, podem precisar do reforço.

Apesar disso, Dalcomo destacou que ainda não há estudos com robustez suficiente sobre a terceira dose.

“Tínhamos parado de hospitalizar pacientes idosos e voltamos a hospitalizar. A grande maioria foi vacinada com CoronaVac”, disse Margareth. A pesquisadora acrescentou que no monitoramento foi identificada a prevalência da variante Delta no Rio de Janeiro, com o aumento de internações nos últimos 10 dias.

Por fim, a diretora da Anvisa, Meiruze de Souza, lembrou a importância de que toda a população seja vacinada com pelo menos duas doses da vacina, o que ainda não aconteceu.

Fonte:NDMAIS