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[dropcap]C[/dropcap]om um prejuízo aproximado de R$ 0,15 centavos por quilo de maçã, o médio produtor Cleber Vieira, de Urubici, ficou com dívidas após a venda da última safra. Segundo ele, o preço médio pago pelo seu produto girou em torno de R$ 0,70, enquanto seu custo de produção foi por volta de R$ 0,85.

“Tenho 28 hectares de maçãs e uma produção aproximada de 1.500 toneladas. Vendo para grandes empresas que processam e revendem a maçã. Com o preço que recebi, acabei ficando com dívidas”, conta.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Maçã, Pierre Nicolas Peres, o preço médio pago aos produtores gira em torno de R$ 0,80 a R$ 0,90 na variedade gala, e R$ 0,90 a R$ 1,20 na fuji.

Porém, ele explica que este é o valor médio, mas que a remuneração varia de acordo com a categoria da fruta, e que questões como coloração e tamanho influenciam diretamente no valor pago.

Ele explica que as maçãs são divididas em três categorias para venda (Cat 1, Cat 2 e Cat 3). Quanto mais vermelho e mais “perfeito” for o fruto, maior será a remuneração. Por isso, há pomares que chegam a receber até R$ 1,40 pelo quilo do produto.

“Só que está cada vez mais difícil encontrar maçãs da melhor qualidade, pois vários fatores interferem na produção, desde o clima até o manejo. Isso faz com que, em muitos casos, um produtor prejudicado pelo calor receba bem menos do que outro produtor que não foi prejudicado por interferências climáticas”, completa. Segundo Pierre, até o fim do ano a remuneração para produtos de maior qualidade, vai girar em torno de R$ 2,00 o quilo.

Fruticultores protestaram em maio

No mês de maio, fruticultores protestaram em São Joaquim reclamando do preço pago pela maçã. Com cartazes em punho, se manifestaram nas principais ruas da cidade. Na época, a reportagem do CL ouviu Evanilda Nunes, que há mais de 20 anos cultiva maçã, e revelou que para pagar dívidas da produção, a família precisou vender parte da propriedade onde planta o seu sustento.

O movimento começou quando uma das principais compradoras, a empresa Fisher, anunciou o pagamento de R$ 0,67 pelo quilo da fruta. Entretanto, a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) revelou, em uma pesquisa, que o preço de produção da maçã por quilo, é de R$ 0,92.

Os produtores queriam receber acima de R$ 1 por quilo. A Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de São Joaquim apoiou a manifestação. É que a fruticultura movimenta cerca de R$ 300 milhões por ano no município. Quando a produção vai bem alavanca outros setores, a exemplo do Comércio e Serviços. Se for mal o impacto negativo é geral.

Produção é generalizada

Quando se fala na produção de maçãs, geralmente a referência é São Joaquim, maior produtor nacional do fruto, com média de 300 mil toneladas por ano. Mas o fruto é cultivado em vários municípios da Serra Catarinense. Urubici, Bom Jardim da Serra, Urupema e Painel também apresentam produções muito significativas.

A atividade movimenta praticamente duas mil famílias, que utilizam mais de 12 mil hectares para o cultivo. A área de plantio é maior que 12 mil campos de futebol. O investimento na cultura se justifica em função do clima, que a cada ano oferece as 700 horas de frio, necessárias para uma boa qualidade do fruto.

Produção nacional

No Brasil, a produção de maçã se concentra em duas cultivares, Gala e Fuji, que representam em torno de 90% da área plantada. Outras cultivares plantadas são a Eva, Golden Delicious, Brasil, Anna, Condessa, Catarina, Granny Smith.

As cultivares Eva, Anna e Condessa possuem baixa exigência de frio, o que as torna recomendáveis para plantio em regiões mais quentes e com produção entre dezembro e a primeira quinzena de janeiro.

A ‘Gala’ vem sendo gradativamente substituída por clones de coloração mais vermelha dos frutos, como a Royal Gala, Imperial Gala e Galaxy. Seus frutos são colhidos nos meses de janeiro e fevereiro.

A Fuji e seus clones Fuji Suprema e Kiku, que também tem frutos mais avermelhados, produzem no mês de abril e maio, sendo uma fruta de sabor doce e muito suculenta. A Fuji apresenta, ainda, a vantagem de ser mais resistente ao armazenamento que a Gala.

Os programas de melhoramento genético vêm criando cultivares com menor exigência em frio e resistentes a doenças, destacando-se a Imperatriz, Daiane, Baronesa, Catarina e Joaquina, as últimas duas foram desenvolvidas pela Epagri, em Santa Catarina, e são resistentes à sarna, importante doença fúngica que ataca folhas e frutos das macieiras.

Fonte: Sebrae

Produção: Na Serra Catarinense x Nacional

Produtores: 1.964 x 3.652

Área (he): 12.146 x 34.000

Produção (mil t): 497.000 x 830.000

Valor: R$ 489 mi x R$ 4,3 bi*

* Valor envolve toda a cadeia, da produção a venda