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[dropcap]N[/dropcap]os últimos anos, está aumentando o número de registros de defensivos agrícolas no Brasil. Apesar disso, a venda desses produtos registrou queda no mesmo período, conforme dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Um exemplo é o que ocorre na produção de maçãs em São Joaquim. Os defensivos químicos são usados de forma racional, específicos para determinada praga. O objetivo é garantir a qualidade da fruta, sem causar danos ao produto.

Para se ter ideia, de 2016 para 2017, o número de registros de defensivos passou de 277 para 405. Em contrapartida, no mesmo período, as vendas caíram de 541.861,09 toneladas para 539.944,95 toneladas, de acordo com o Boletim Anual de Produção, Importação, Exportação e Vendas de Agrotóxicos no Brasil, elaborado pelo Ibama.

O pesquisador da Estação Experimental da Epagri de São Joaquim, Jose Masanori Katsurayama, explica que o aumento de registro não significa o uso desordenado dos agrotóxicos. “Pelo fato de ter maior número de marcas disponíveis no mercado não podemos afirmar que vai aumentar o uso de defensivos no campo. O fator determinante para o consumo será  a existência ou não de pragas, doenças e plantas daninhas.”

Na maioria das vezes, os agricultores optam por usar cada vez menos defensivos em suas plantações, devido aos valores elevados, o que pode chegar até 30% do custo total da produção.  De acordo com o pesquisador, a demanda de defensivos está relacionada à ocorrência de pragas nas produções, independentemente do setor.

No caso de São Joaquim, onde se concentra a maior produção de maçã do país. Os pomares são formados basicamente pelo tipos fuji e gala. Neste caso, os produtores aplicarão os defensivos químicos específicos para uma determinada praga, o que contribuirá para qualidade final do produto. “Tudo o que for usado na dosagem indicada, nunca será prejudicial”, afirma o pesquisador.

Segurança para o consumidor

Os critérios usados pelo Brasil para a aprovação de novos registros são mais rígidos do que os de outros países. Se fôssemos usar a classificação internacional, o Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos, conhecido como Sistema GHS, o índice de pesticidas classificados como extremamente tóxicos no Brasil passaria de 34% para cerca de 14%, uma classificação mais branda.

O relatório do Programa de Análises de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para), realizado pela Anvisa, mostrou que cerca de 99% das amostras de alimentos analisadas entre 2013 e 2015 estavam livres de resíduos que representam risco agudo para a saúde. Um novo relatório com a análise dos dados de monitoramento de resíduos de 2016 a 2018 deve ser divulgado neste ano.

Aumento da concorrência

O aumento da velocidade dos registros, nos últimos anos, se deve a ganhos de eficiência possibilitados por medidas desburocratizantes implementadas no governo federal, em especial na Anvisa, que modernizou seu processo a partir de 2015.

Segundo o Ministério da Agricultura, o objetivo da aprovação de produtos genéricos é aumentar a concorrência no mercado e diminuir o preço dos defensivos, o que pode refletir na queda do custo de produção. Já a aprovação de novos produtos tem como objetivo disponibilizar novas alternativas de controle mais eficientes e com menor impacto ao meio ambiente e à saúde humana.

Atualmente, estão aprovados no país 2.173 produtos formulados de agrotóxicos e afins. Os produtos formulados são os produtos autorizados para controle de pragas na agricultura brasileira que podem ser adquiridos pelos produtores rurais em lojas especializadas, mediante a emissão do receituário agronômica. No entanto, destes, cerca de 48% não são efetivamente comercializados por decisão das empresas detentoras dos registros.

Fonte: Mapa