[dropcap]A[/dropcap]lém das atividades no combate a incêndios, busca e resgate e atendimento pré-hospitalar, o CBMSC atua de forma efetiva na prevenção de acidentes, como a prática de vistorias e análises técnicas em edificações comerciais e familiares. Na última quarta-feira, 22, a morte de seis familiares (cinco catarinenses) que estavam hospedados no Chile, causada supostamente pela inalação de monóxido de carbono, chamou a atenção para os motivos que possam ter causado o acidente. Intoxicações por asfixia podem ocorrer após a vítima inalar o GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) ou o monóxido (liberado pelo GLP) que, em casos graves, podem levar à morte.
No caso da família encontrada no Chile, há suspeitas de que um aquecedor a gás poderia ter causado o acidente. Diferente do aquecedor solar, o aquecedor a gás possui um queimador parecido com o de um fogão e é envolvido por uma espécie de serpentina, por onde circula a água que será aquecida. Quando a queima do fluido não é perfeita, ocorre a combustão e a liberação de monóxido de carbono. Este gás é inflamável, sem cor ou cheiro, podendo gerar sérios prejuízos, que vão de uma simples dor de cabeça até a morte por asfixia.
A aproximação do inverno e a queda nas temperaturas contribuem para o uso frequente deste tipo de equipamento, comum em áreas mais frias como o Oeste e Serra catarinense. De acordo com o Capitão BM Oscar, integrante da Diretoria de Segurança Contra Incêndio do CBMSC, o uso de aquecedores a gás pode se tornar perigoso caso o ambiente não possua saídas de ar para a circulação do oxigênio. No Brasil, as normas de segurança vão desde a fabricação até a instalação dos aparelhos, diretamente propostas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
Em Santa Catarina, o CBMSC trabalha com exigências técnicas para a instalação de sistemas de gás por meio da Instrução Normativa nº 8, a fim de prevenir acidentes no uso destes equipamentos. As análises e a liberação dos aquecedores a gás são relativas, com a verificação de três itens:
– Combustão: quantidade de combustível e a potência do aparelho;
– Ar (oxigênio): volume disponível, renovação e circulação;
– Gases da Combustão: contaminação e exaustão.
Por este motivo, nenhuma alteração deve ser feita nos aparelhos, que podem oferecer riscos.
Ainda de acordo com o Capitão BM Oscar, muitos consumidores podem ter prejuízos pela falta de conhecimento. Seguem abaixo algumas dicas para prevenir acidentes:
– Manter aberturas para a circulação de oxigênio no ambiente;
– Fazer a manutenção correta e em tempo previsto do equipamento;
– Acionar somente profissionais capacitados para a instalação (a má instalação pode oferecer riscos);
– Não obstruir passagens de ventilações permanentes;
– Antes de qualquer instalação, sejam em residências unifamiliares ou multifamiliares, verifique as regras da ABNT e contate o CBMSC em caso de dúvidas.
Vale ressaltar que o Corpo de Bombeiros Militar atua em todos os processos de segurança na construção de edificações, desde a análise de projetos, vistoria, perícia e prevenção de incêndios. Em Santa Catarina, o cidadão que tiver interesse em construir indústria, prédio, fábrica ou estabelecimento comercial deve possuir um projeto preventivo contra incêndio e pânico aprovado pelo CBMSC.
Este projeto apresentará os sistemas preventivos necessários para garantir a segurança do cidadão, conforme a complexidade da edificação em vogue. Após a aprovação do projeto preventivo na seções de atividades técnicas, os bombeiros militares realizam vistorias nos locais, para, em caso de instalações adequadas, serem emitidos atestados de funcionamento ou de habite-se para os estabelecimentos. Isto garante a segurança das pessoas e evita que sinistros aconteçam.
Não há mérito algum em combater um incêndio que poderia ser evitado. Prevenir é salvar!
Texto: Jeiseriel Cunha e 1ºTen BM Ian Triska
Fotos: Sd BM Tainara Monteiro de Freitas